O certo é preferir fazer o que se quer, quando se pode.

Por décadas as tardes de sábado de verão eram um momento depressivo pra mim, porque todo mundo ao redor vai fazer coisas que envolvem calor, trânsito, filas, barulho e incerteza sobre a volta - e eu ia junto, porque parecia "o certo", ou arrumava desculpas e me sentia em débito.

O diagnóstico de TEA mudou tudo. Não que eu não pudesse ter me libertado sem ele, mas foi ele a chave que abriu a prisão em que eu me tranquei por tanto tempo.

"O certo" é preferir fazer o que se quer, quando se pode.

Minhas previsões para 2024

💼 Grande escândalo sacudirá uma das maiores capitais do país
⚽ Time brasileiro será eliminado de forma surpreendente na Libertadores
🗣️ A estreia do BBB polarizará as redes sociais
📺 Um seriado será cancelado frustrando milhões de fãs
🥁 Celebridade virá ao Brasil no carnaval surpreendendo a todos
⛈️ Fenômenos climáticos extremos farão vítimas e causarão transtornos
♻️ Uma multinacional será exposta por fazer lobby contra a sustentabilidade
🎞️ O novo filme de uma franquia milionária será mal recebido pelos fãs
⚽ Estrela do futebol brasileiro desapontará sua torcida na Europa
💬 Grande rede social terá um ano marcado por reviravoltas e retrocessos
🏴 Nos despediremos de um dos maiores nomes das artes nacionais dos anos 70
🎤 Parceria entre nome em ascensão da música brasileira e uma estrela do r&b será manchete
🔙 Uma banda brasileira dos anos 80 anunciará reunião e turnê com os grandes sucessos

A inesperada página sobre mim na Wikipédia

Em mais um dos variados momentos em que recebo material dirigido ao meu xará (e muito mais literato) Augusto de Campos, fui fazer uma pesquisa na Wikipédia e acabei descobrindo algo que me surpreendeu: entre 20101 e 2020, existiu uma página na Wikipédia sobre mim.

Para a memória do fato, ficam o print acima (cortesia da Wayback Machine) e a transcrição:

Augusto César Campos é administrador, pós-graduado em implantação de Software Livre, e gerenciamento de projetos. Atuou como gestor de TI. No campo tecnológico, atuou como administrador de rede e sistemas, desenvolvedor web e na área de pesquisa e desenvolvimento em automação de telecomunicações. É o mantenedor dos sites BR-Linux.org e Efetividade.net.

Segundo a revista Isto É, o BR-Linux é "a mais procurada página sobre software livre no Brasil". Augusto participa de eventos e colabora de forma contínua ou esporádica em diversas publicações técnicas como Linux Magazine onde é colunista fixo, Revista do Linux, PC Master, Geek, Copyleft e outras, além de diversos jornais e outros websites da comunidade.

Consta o registro da exclusão em 2020, por um admin que não me considerou enciclopédico o suficiente para continuar por lá 🤭

 
  1.  Pelo menos. É a data da última alteração registrada na versão que aparece na Wayback Machine.)

Tem muita capacidade sobrando nos PCs, e isso custa caro

Não é que esses equipamentos não acrescentem valor e conforto, mas tu já parou pra pensar quanta capacidade de processamento é desperdiçada e fica ociosa, somando várias horas por dia em ponto-morto, em computadores desktop e servidores da nuvem, que são usados em tarefas triviais, que já resolvíamos bem com processadores de 8 ou de 16 bits?

Eu tiro bastante proveito de softwares mais modernos, e hoje não seria nada prático pra mim trabalhar com equipamentos de 8 bits, ou desconectados, ou com sistemas operacionais de décadas passadas. Mas eu já tenho praticado o esforço na direção de não ficar fazendo todos os upgrades de hardware que me oferecem, de fazer tudo durar alguns anos a mais, de adotar novos critérios de escolha (como o menor consumo de energia), etc.

Além da sustentabilidade, sobra um $$ a mais pra investir em outras coisas, inclusive contribuir com a infraestrutura compartilhada que ajuda a suprir algumas das vantagens que o hardware mais novo promete.

A minha sensação é de que o aumento da conscientização sobre o impacto ambiental das cadeias produtivas e logísticas desses computadores que perseguem incansavelmente a Lei de Moore sem precisar vai levar a um momento de exposição e – após as rodadas de negação costumeiras – passaremos a ter curvas de desenvolvimento distintas: a que persegue o desempenho, e a que percebe a sustentabilidade.

As 4 técnicas básicas

Meu avô Bruno me ensinou, e pratico desde sempre, as 4 técnicas básicas que facilitam todas as decisões do contato social:

  1. sempre estar disposto a fazer o dia de alguém
  2. nunca ter medo de ser o primeiro a cumprimentar ou aplaudir, e
  3. perceber quando não deve contar tudo o que sabe.

A linha curta demais, e o anzol grande demais

Quando eu tinha 12 anos o meu avô me contou a história do colega dele que ia todas as tardes, com uma linha curta e um anzol grande demais, pescar no trapiche ao lado do mercado público, em São Francisco do Sul.

O guri sempre voltava de mãos vazias, e todo mundo ria dele por perder tempo assim.

Mas um dia, depois de muito persistir, esse colega pescou lá mesmo, com a linha curta e o anzol grande demais, um peixe de 6kg (um sargo, se não me engano).

E nesse dia ele fez uma peixada pra todos os amigos, inclusive os que riam dele, e todo mundo comeu e se divertiu. E a partir daí ele nunca mais pescou naquele lugar.

A cada dia que eu lembro dessa história é por um motivo diferente, e por uma parte diferente (porque ele não desistiu quando riram, porque depois nunca mais pescou lá, porque fez a peixada até pros amigos que riram, porque todo mundo acabou se divertindo junto, etc.) mas hoje eu lembrei dela 3x, e resolvi compartilhar com vocês.

O que podemos aprender com essa história?

Lüderitz (na Namíbia) era o ponto de partida ideal para a expedição do Amyr Klink atravessando o Atlântico a remo, em 1984. Mas ele não encontrava uma carta náutica de lá em lugar algum, o que complicava o plano.

Até que um dia, numa loja de antiguidades, tropeçou num abajur, e percebeu que o tecido dele era... uma carta náutica de Lüderitz.

Ele comprou o abajur, reproduziu a carta, atualizou com dados naúticos recentes sobre o entorno, e foi o suficiente pra expedição partir de lá, com sucesso.

O que podemos aprender com essa história? Exato: se não encontrar no Google, é antiguidade! Ou algo assim.

Duas lições pelo preço de uma

Quando eu era um jovem programador em Joinville, aprendi na prática muitos conceitos que mais tarde conheci formalmente estudando Administração, incluindo o risco de olhar mais para o indicador do que para a realidade sendo medida.

Um dos meus chefes na época tinha um cunhado garotão, chamado Gus, que vivia em função de um Fusca que era o seu xodó. Certo dia o Gus trocou os pneus do Fusca por modelos esportivos, de diâmetro menor, e veio espantado contar como o carro agora ~corria~ muito mais, e que em trechos urbanos em que antes ele passava a 70 km/h agora ele passava a mais de 80 km/h, mesmo com trânsito.

O chefe olhou de lado para o Gus, chamou o estagiário (eu!), e disse apenas: explica pra ele.

Eu, que não era ligado em carros mas tinha estado acordado na aula sobre a relação entre raio e circunferência, expliquei pro Gus: o velocímetro não mede a distância real, mede o número de voltas da roda. Com pneus menores, cada volta corresponde a uma distância menor, mas o velocímetro não sabe. Assim, para percorrer uma mesma distância em um mesmo tempo (que o trânsito e o motor permitem), a roda dará mais voltas, e o velocímetro indicará uma velocidade (incorretamente) maior. Mudar as rodas interfere na velocidade sim, mas o número apontado pela agulha do velocímetro ajustado para a roda original não serve para indicar diretamente essa mudança.

O chefe disse: "Entendeu, Gus?", e o Gus respondeu: então me vê aí um trocado pra eu ir lá ajustar esse velocímetro.

E o estagiário aprendeu pelo menos 2 lições de Administração.

Não queremos que ele pare

Aqui em casa reside o relógio de parede que já foi da minha mãe e do meu avô, e antes foi do tio dele, que o decorou com uns discretos entalhes em madeira. Ele bate as horas, e sinaliza também as meias-horas.

Quando ele era do meu avô, era necessário dar corda nele a cada 2 semanas. Na gestão da minha mãe, era de 10 em 10 dias.

Aqui em casa era todo sábado e, desde a semana retrasada, isso não é mais suficiente: agora a corda dura só 6 dias.

Passarei a dar corda 2x por semana, porque não queremos que esse relógio pare.

Não fale demais: cuidado com o efeito Osborne

Todo empreendedor de tecnologia precisa conhecer a história de Adam Osborne, pioneiro da computação portátil.

Enfrentando concorrentes como as gigantes IBM e HP, o seu "pequeno" Osborne 1 chegou a vender na casa de dezenas de milhares por mês.

Mas, nas brigas de torcida do mercado de TI que apontavam desvantagens do seu produto, ele ficou com o ego machucado e começou a contar vantagem e a dar detalhes de 2 modelos ainda melhores que estavam em desenvolvimento.

Resultado: o público resolveu esperar por esses, e parou de comprar o Osborne 1. O dinheiro parou de entrar, os concorrentes tiveram tempo pra se organizar, Adam Osborne faliu sem chegar a conseguir fazer sucesso com os outros 2 modelos, e hoje é lembrado mais por falar demais do que pelo seu produto pioneiro.