Antes do Windows havia o MS-DOS, que nasceu do 86-DOS

E a MS o comprou da Seattle Computer Products, quando ainda nem existia o IBM PC.

Esse sistema se perdeu com o tempo, mas a sua versão 1.0 foi recuperada em 2008, e na virada do ano um retroentusiasta encontrou a versão 0.1-C, a mais antiga conhecida.

Estava em um lote de 427 disquetes de 8 polegadas que ele ganhou e, naturalmente, aproveitou o final de ano para investigar. Já está no Internet Archive.

Mas é tratar como pessoa ou tratar como autoridade?

Tem um post clássico da Autistic Abby no Tumblr que eu uso como referência:

Às vezes as pessoas usam “respeito” para significar “tratar alguém como uma pessoa” e às vezes para significar “tratar alguém como uma autoridade”.

Mas às vezes quem quer ser tratado como autoridade diz “se você não me respeitar, não respeitarei você” e quer dizer “se você não me tratar como uma autoridade, não tratarei você como um pessoa", e eles acham que estão sendo justos, mas não estão, e não está tudo bem.

É importante se acostumar a identificar quando alguém usa essa distinção e se recusa a tratá-lo como uma pessoa até que você o trate como uma autoridade.

Pra lembrar e não esquecer

Em 2015 ainda existia Facebook, e eu escrevi nele, há exatos 9 anos na data de hoje:

Limitados como são, os robôs e os aparelhos controlados remotamente já são usados hoje pra violar as leis.

São drones usados para fazer entregas violando normas de uso do espaço aéreo, drones tentando levar material restrito para dentro de presídios, aparelhos especializados em invadir redes de dados e de telefonia móvel, etc.

Daqui a poucos anos, quando isso for um problema em grandes proporções, lembrem-se que no início de 2015 um seu amigo já havia mencionado.

Muito mais do que o ícone de salvar

💾 O singelo disquete foi fundamental para o armazenamento de dados por algumas décadas, em encarnações como as de 8, 5¼ e 3½ polegadas. Eu lembro de como me achei profissional no primeiro dia em que comprei UM disquete (Verbatim, dupla face, 360KB) para meu próprio uso.

E hoje, quem ainda precisa deles, precisa MUITO, como mostra essa entrevista do ano passado com o dono da última empresa especializada em vendê-los.

Assay! – Uma fábula no oeste

Contexto: Billy the Kid e seu bando estão fugindo da lei, que finalmente resolveu reunir uma quantidade de gente suficiente para colocar em seu encalço e ter chances de cercá-los.

Correria, tropel, pequena vantagem a favor dos foragidos, mas subitamente eles se vêem à beira de uma ravina, e interrompem prontamente o galope. Não podem avançar, não podem mais recuar (os perseguidores estão à vista no mesmo caminho pelo qual eles vieram), e não sabem o que fazer.

Nisto surge Chávez, o descendente de apaches e de mexicanos que faz parte do bando e havia ficado um pouco para trás. Percebendo a situação em que seu grupo se encontra, ele volta suas atenções para a montaria. Aperta o cavalo e grita: "Assay, assay!" O cavalo prossegue em desabalada carreira, descendo a ravina na mesma velocidade em que vinha.

Inspirados, os outros membros do bando (com Billy à frente) estimulam também suas montarias, e gritando "Assay, assay", descem o desfiladeiro aos trancos, exatamente quando as forças da lei alcançam o ponto em que eles estavam – mas elas não têm a mesma motivação em descer o despenhadeiro.

Corta para meia hora depois, quando param para descansar e dar água aos animais. Billy the Kid aproxima-se de Chavéz e comenta como foi impressionante o seu gesto de coragem, e como inspirou os demais. Termina elogiando a cultura indígena, e pergunta: afinal de contas, o que significa Assay?

Chávez responde, de pronto e com a típica fleugma de personagem de filme de bangue-bangue:

– 'Assay' significa 'Pare', mas o maldito cavalo não entendeu!

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Publiquei esse texto – que descreve uma cena do filme Young Guns –, originalmente na versão antiga deste blog, que também residia em trilux.org. Foi em 31 de agosto de 2005.

O bug de 2038 tem potencial de ser mais amplo do que o bug do milênio

escrevi sobre o bug do milênio e a minha experiência de ter sido um dos milhares de programadores ao redor do mundo que, no final da década de 1990, ajudaram a evitar esse desastre.

Na próxima década tem mais um desses: o Problema do ano 2038, quando se esgota a capacidade de representar datas em algumas arquiteturas clássicas1 e até recentemente populares (e que ainda estão no mercado, em alguns casos).

A maior parte dos computadores atuais do mercado doméstico e empresarial já é de 64 bits, e mesmo nos sistemas de 32 bits modernos já temos correções para evitar o Problema.

Ao contrário do que aconteceu em 2000, o Problema de 2038 não vai se manifestar em sistemas rodando em empresas cheias de recursos.

O diferencial que eu vejo no Problema de 2038 é que, ao contrário do que aconteceu em 2000, ele não vai se manifestar em sistemas rodando em empresas cheias de recursos. O bug da década que vem vai se manifestar em sistemas embarcados espalhados por todo o mundo, incluindo coisas que têm firmwares e nem são vistas como computadores.

Ou seja: é no roteador, no repetidor, no jogo eletrônico, no relógio, no smart card, na tag que destrava a porta, no brinquedo, no aparelho de som, no forno de microondas, no painel do carro.

E não é improvável supor que muitos deles, fabricados na década passada e contendo o bug, ainda estarão em uso na década que vem, em locais nos quais farão falta quando falharem.

Assim como nos anos 90, já tem muita gente boa planejando como lidar como isso. A conferir, mas provavelmente daqui a uns 10 anos, se o mundo ainda estiver funcionando, seremos instruídos a inventariar todos os eletrônicos ao nosso redor e identificar seu grau de risco.

 
  1.  É o limite da capacidade de representar datas no padrão POSIX/IEEE 1003 - a contagem de tempo típica do Unix e de outros sistemas que a adotaram -, devido ao limite dos números que podem ser representados em variáveis inteiras de 32 bits (com sinal), amplamente adotadas para isso até recentemente.

Resoluções de ano novo

Procurando uma resolução de ano novo que não se restrinja à forma física e à empregabilidade? Aqui estão algumas sugestões de gente que amou o conhecimento:

💝 Hannah Arendt: ame sem medo de perder
🎶 Viktor Frankl: tenha mais música e natureza na sua vida
🫂 Leon Tolstói: escolha a gentileza
🎨 Rachel Carson: abrace a solidão do trabalho criativo
🦾 Sêneca: vença a sua ansiedade
📐 Bertrand Russell: amplie sua vida, à medida que ela fica mais curta

The Cure rainha, the smiths nadinha

Lembrando sempre que The Cure é uma banda tão f*da que é liderada por um cara chamado Robert SMITH.

Vê se o The Smiths conseguiu ter alguém chamado Cure.

O fim do mundo, mas em prestações - e ao vivo!

Um dia ainda transformarei em conto um pesadelo que eu tive, em que no dia 31/12 o mundo entrou em pânico porque ia perdendo o contato com cada país em que a virada ia acontecendo: primeiro Austrália e Japão, depois a Índia, e assim por diante.

O fim do mundo, mas em prestações - e ao vivo!

O certo é preferir fazer o que se quer, quando se pode.

Por décadas as tardes de sábado de verão eram um momento depressivo pra mim, porque todo mundo ao redor vai fazer coisas que envolvem calor, trânsito, filas, barulho e incerteza sobre a volta - e eu ia junto, porque parecia "o certo", ou arrumava desculpas e me sentia em débito.

O diagnóstico de TEA mudou tudo. Não que eu não pudesse ter me libertado sem ele, mas foi ele a chave que abriu a prisão em que eu me tranquei por tanto tempo.

"O certo" é preferir fazer o que se quer, quando se pode.