Método Zettelkasten no Obsidian

Zettelkasten significa caixa para guardar fichas, e é um esquema personalizável para organizar anotações, baseado em dois passos distintos:

  • Captura permanente: guardar um lembrete sempre que uma informação interessante aparece em nosso caminho.
  • Processamento periódico: decidir o que fazer com os lembretes, incluindo transformá-los em notas, reescrevendo-as tendo em vista seu valor futuro.

O lembrete pode ou não ser guardado no Obsidian, e deve ser registrado com esforço mínimo e flexibilidade, pois ele serve apenas para promover o processamento.

Já o processamento deve produzir notas definitivas e caprichadas, com ideias completas, estruturadas, categorizadas (tags) e conectadas (links).

Originalmente o Zettelkasten é um método de apoio à pesquisa e à escrita, e a ênfase dele é em criar notas duradouras que possam ser aproveitadas permanentemente.

Nos próximos posts desta série descreverei como realizo esses processos.

Este post é parte da série sobre o Obsidian que venho publicando a partir de fevereiro de 2024, e que você pode acessar na íntegra navegando pela tag Obsidian aqui no blog, ou pela thread do Mastodon.

O dia em que o Atari e o Odyssey foram lançados no Brasil, na 29ª UD

Na data de hoje, mas em 1983, tivemos um marco na transição do Brasil para a informática doméstica: os videogames Odyssey e Atari, o computador CP300 e o CD de música foram apresentados ao público na 29ª UD.

Na época ainda não tínhamos um mercado organizado, e os produtos passavam por vários eventos de lançamento, mas a UD – que naquele ano foi de 14 a 24 de abril, no Anhembi – era um dos mais relevantes, porque formava, junto ao Salão do Automóvel, o calendário de maior visibilidade para o mercado consumidor, com cobertura ávida da imprensa e grande participação direta do público.

Abreviatura de Utilidades Domésticas, a feira UD era realizada em São Paulo (e às vezes também no Rio) desde 1960, e trazia os grandes lançamentos da indústria de eletrodomésticos, áudio e vídeo, e assim era natural que fosse vista como um grande canal para divulgar a nova geração de aparelhos domésticos para serem conectados às TVs.

O Odyssey estava em desvantagem, porém tinha a seu favor a expectativa de chegar antes às lojas, bem como o luxuoso stand da Philips, montado para apresentar ao público a novidade dos CDs de música.

Era o caso do Odyssey, prestes a começar a ser vendido no Brasil pela Philips, que não perderia essa oportunidade de mostrá-lo ao público em seu gigantesco stand de 1200 m² e gerar expectativa e demanda pelo seu videogame com teclado.

Era uma tentativa da Philips de inverter, aqui no Brasil, o placar de um jogo que no exterior já estava bem definido: o Atari vendia muito mais consoles e jogos que o Odyssey 21.

O Atari também ainda não estava à venda oficialmente no Brasil, e a Gradiente – que tinha acabado de assinar o contrato para representar a marca oficialmente no Brasil e prometia colocá-la à venda em agosto – também não perdeu a oportunidade de apresentá-lo por lá, e na véspera da abertura da feira reuniu a imprensa para tentar dar rumo à cobertura, afirmando que no exterior, para cada console de Odyssey vendido, a Atari vendia 11.

O Atari já era popular via contrabando, e os clones estavam alguns passos à frente da Gradiente, que buscou o licenciamento oficial nos EUA.

Só que vivíamos a reserva de mercado, e outros fabricantes aproveitavam para trazer o Atari pra cá sem se preocupar com formalidades como a autorização do fabricante original internacional. Além dos estimados 80.000 Ataris que já haviam entrado no país via contrabando, nessa mesma UD a Dynacom expunha o protótipo do seu Dynavision, e a Sayfi (depois Milmar) apresentava o Dactari, pioneiro na corrida pela chegada aos balcões das lojas, e que depois teve novas versões com o nome Dactar.

A Gradiente perdia o sono com esses clones do produto pelo qual ela pagou caro para licenciar e ainda estava longe de conseguir colocar nas lojas? Talvez, mas a declaração oficial à imprensa, durante a feira era de que a Gradiente não causará problemas a essa empresas, mas exigirá o cumprimento de algumas normas, como não usar o logotipo da Atari, nem chamar o produto de Atari - mas podia dizer que era compatível. "Isso é muito comum nos Estados Unidos. Há diversos fabricantes de jogos, oferecendo cerca de 200 diferentes títulos aos consumidores", concluiu um diretor.

Curiosamente, esse momento de início da febre dos videogames domésticos no Brasil veio quando o mercado internacional começava a cansar deles – tanto o Atari quanto o Odyssey lançados por aqui em 1983 eram praticamente os mesmos modelos que nos EUA tinham chegado em 1977 e 1978, respectivamente.

Outra marca presente ao mesmo evento foi a Prológica, que anunciou nele o seu computador pessoal CP300, versão doméstica, compacta e mais barata (sem disquetes, com teclado chiclete e conectado à TV) do CP500, seu clone do TRS80 Modelo III, que também estava exposto no evento, ao lado do CP200, um clone de Sinclair ZX81.

E não podemos esquecer: embora aqui sejamos fãs dos videogames e computadores domésticos dos anos 80, a 29ª UD também foi o palco do lançamento oficial no Brasil dos CDs de música, ainda descritos na cobertura jornalística como "discos digitais por raio laser", que as mesmas Philips e Gradiente também corriam para levar logo2 ao mercado brasileiro naquele outono de 1983, e promoviam com shows de laser nos céus noturnos da Avenida Paulista e do Anhembi.

 
  1.  Nome internacional do console que no Brasil foi lançado como Odyssey e em vários países europeus como Videopac.

  2.  Na verdade o plano da Philips era vender aparelhos de CD por aqui apenas em 1985, mas a ideia era gerar demanda reprimida e expectativa...

Reduzindo em 78% o gasto mensal com assinaturas de serviços on-line, edição 2024

Hoje eu dediquei algumas horas de atenção e esforço a identificar e ajustar as minhas assinaturas de serviços on-line de consumo, reduzi o preço mensal delas em quase 80%, e vou contar como fiz.

Não foi a primeira vez que fiz isso: estamos chegando a 1/4 do século 21, e a realidade atual é que as assinaturas se acumulam: um streaming aqui, uma conveniência ali, e daqui a pouco temos um monte de custos mensais na fatura.

As empresas tiram proveito de vários padrões e tendências que nos levam a deixar esse débito ir se acumulando, então de vez em quando vale a pena podar e adequar esse consumo – e no meu caso específico, ajustá-lo a mudanças de hábito que deixam de justificar continuar com alguns contratos.

Após fazer uma planilha e identificar o valor que eu gasto com cada serviço, isso foi o que aconteceu na manhã deste sábado com as minhas assinaturas de consumo on-line, com o detalhamento limitado ao que eu considero que posso dar sem violar minha própria privacidade:

  1. Spotify: Cortei. Além de discordar de como tratam artistas e de algumas escolhas do seu elenco, eu ouço mais rádio FM e tenho uma boa coleção de música armazenada localmente. O que eles me ofereciam a mais era a playlist semanal de novas músicas ajustadas ao meu gosto, que costumava acertar bastante, mas há meses erra 100%.
  2. Max (ex-HBO): Cortei. Eu tinha uma assinatura feita em uma promoção de lançamento do serviço no Brasil, mas o serviço mudou de nome e a promoção já era. Além disso, não assisto há meses. Se lançarem algo que eu queira muito ver, voltarei.
  3. TV a cabo: foi a maior redução, e permanente: quase 100 reais a menos. A operadora me convenceu a não cortar totalmente, mas sim ficar com o plano mais básico de todos, em razão dos descontos do pacote combo1.
  4. Jornais: Bom desconto, temporário. Tenho assinatura digital de 2 jornais, e leio bastante, mas estava disposto a cancelar ambas para ver se me fariam falta. Nos 2 casos, fizeram contrapropostas de reduções expressivas na mensalidade válidas por 6 meses, que aceitei, e já coloquei na agenda para reavaliar em outubro.
  5. Amazon Prime: Mantive. O preço baixo me fez decidir por continuar assinando, e é possível que eu dê nova chance ao Amazon Music e ao Amazon Video, incluídos na assinatura, agora que cortei seus concorrentes melhores e mais caros.
  6. Globoplay: Mantive e aproveitei uma oferta. De todos os serviços de vídeo on-demand, este é o único que ocasionalmente assisto. Mantive, mas enquanto analisava os preços, descobri que eu podia reformular minha assinatura sem abrir mão de nenhum conteúdo, então o preço dela caiu consideravelmente2.
  7. Clube iFood: Cortei. Eu não lembrava que assinava. Esse foi o corte mais fácil de fazer, é resquício de um período no ano passado em que eu não consegui manter meus hábitos de alimentação mais saudáveis.
  8. Portal UOL: Tenho conta lá há literalmente décadas, devido a serviços obscuros deles que eu uso (como o dicionário Houaiss, por exemplo). Mas é muito caro, então hoje decidi deixar de pagar essa assinatura também.

Devido ao meu apreço pela minha própria privacidade, não compartilharei os detalhes adicionais sobre quais os serviços, os descontos e as formas de ajuste. Mas não são difíceis de localizar e, no final das contas, após 4 cortes e 3 ajustes, o preço que pagarei por mês pelas assinaturas mencionadas acima será 78% menor, já a partir da próxima fatura.

Assim, em resumo:

  • Deixei de pagar: Spotify, Max/HBO, Clube iFood, Portal UOL
  • Pagarei MUITO menos: TV a cabo
  • Pagarei menos: Globoplay, jornais
  • Continuarei pagando igual: Amazon Prime

Fui bem atendido em todos os canais que precisei usar para pedir cancelamentos ou ajustes. Em um deles (a TV a cabo), o atendimento precisava ser por telefone; todos os demais, exceto um dos jornais (que foi por chat) eram por menus disponíveis em sites ou apps.

 
  1.  Caso eu cortasse totalmente a TV a Cabo, a redução total no boleto mensal seria menor, porque os descontos do combo não mais seriam aplicados à minha fatura de Internet residencial e de telefonia celular, e são expressivos. Aceitei, mas voltarei a analisar isso no futuro próximo, após considerar a concorrência nesses outros serviços, já que não tinha e continuei não tendo contrato de fidelidade.

  2.  O valor da redução do Globoplay foi tão expressivo que chega a ser maior do que o preço mensal do Amazon Prime.

Informação e conhecimento - alvo duplo para as suas notas no Obsidian

Vivemos imersos em um oceano de dados, transformando-os constantemente em informação e conhecimento, ao agregar significado, contexto e outros elementos valiosos.

As etapas da nossa rotina de gestão do conhecimento pessoal precisam trabalhar com essas diferenças, e idealmente terão como alvo produzir efeitos a partir do conhecimento, como inspiração, entendimento e sabedoria.

Nota de autoria da imagem
A imagem acima tem como base uma tirinha do GapingVoid publicada em 2014, que ilustrava, por meio das interconexões, a diferença entre informação e conhecimento. Acrescentei um painel adicional, mostrando uma versão descolorida dos mesmos pontos mostrados na ilustração da informação, para demonstrar como a informação acrescenta significado aos dados.

Este post é parte da série sobre o Obsidian que venho publicando a partir de fevereiro de 2024, e que você pode acessar na íntegra navegando pela tag Obsidian aqui no blog, ou pela thread do Mastodon.

Criando sua rotina de gestão do conhecimento pessoal com o Obsidian

O que você sublinhou hoje pode e deve te inspirar no ano que vem.

Cada pessoa adota o Obsidian com seus próprios objetivos, mas um dos valores que ele nos traz é que o conteúdo armazenado continuará organizado ao longo do tempo.

Usando o Obsidian com um bom método de organização, aquilo que você anotar ou sublinhar hoje (mesmo em um livro físico!) vai ser fácil de pesquisar no futuro e ajudar a ter novas ideias, sem ter que lembrar em qual livro estava, nem ter que folhear.

Já vimos algumas formas de organização no Obsidian, como MOCs, tags e daily notes, que ajudam a dar sentido às notas.

Mas ferramentas não bastam: é necessário ter um processo personalizado e funcional, que vire um hábito e aumente a chance de os dados e informações que você coleta chegarem a virar conhecimento e inspiração.

Falaremos sobre isso nas dicas da próxima semana.

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Mais variações de Markdown no Obsidian

Os recursos que vimos recentemente, incluindo os links internos, transclusões e links para trechos, não fazem parte da definição do Markdown – são extensões.

Já havíamos visto outras, a exemplo dos callouts e da capacidade do Obsidian de definir listas de tarefas e marcar seu completamento. E aqui estão mais duas extensões de formatação reconhecidas pelo Obsidian:

  • ~~texto~~ - Texto tachado: riscado
  • ==texto== - Texto em destaque: marca-texto

Vale destacar
Markdown é uma linguagem de marcação criada em 2004 para ser leve e fácil de compreender. As extensões que o Obsidian suporta são, em sua maioria, populares e suportadas por outros serviços on-line, e incluídas em variantes com nomes como MultiMarkdown, GitHub Flavored Markdown (GFM) e Markdown Extra, entre outras.

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O plugin Note Composer do Obsidian

A organização no Obsidian se beneficia quando você tem várias notas curtas interligadas, mas algumas pessoas partem de um acervo de longos textos cheios de capítulos.

É fácil refatorá-las: o Obsidian já vem com o plugin Compositor de Notas. Ative-o nas preferências (em "Plugins Nativos"), e aí é só selecionar um trecho, clicar com o botão direito e pressionar "Extrair seleção atual". A nova nota será criada, e um link será incluído no ponto em que ela foi extraída.

Indo além
O Compositor de Notas faz mais coisas além de criar novas notas a partir da extração de trechos: ele também pode unir notas existentes, e até usar gabaritos ou templates indicando formatação e campos adicionais de informação, a serem usados na criação de notas pelo plugin. Saiba mais na documentação do plugin Note Composer.

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O tema Minimal no Obsidian

O Obsidian conta com temas para tornar a estruturação do conteúdo mais visível e o visual mais agradável para cada usuário. Alguns dos temas contam com também com um plugin que facilita a sua personalização.

É o caso do tema Minimal, que eu uso e foi criado pelo Steph Ango, desenvolvedor e CEO do Obsidian. Você pode ativá-lo nas Preferências (Aparência / Tema / Gerenciar) – e o plugin comunitário que o complementa se chama Minimal Theme Settings.

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O grafo interativo do Obsidian

Falamos tanto nos relacionamentos entre notas, que não podemos deixar de mencionar a visualização gráfica deles, por meio da ferramenta do grafo interativo.

Eu uso o grafo local, que é específico da nota que estiver aberta, e mostra as conexões dela (links e transclusões) com outras notas. Na imagem, observe que a Nota de exemplo do grafo tem 1 link bidirecional, recebe 1 link, e envia links para 3 outras notas.

Para abrir o grafo local há vários caminhos, mas eu pressionei ⌘P ou Control+P e digitei local graph.

Indo além

  • O grafo local se restringe às conexões da nota que está em edição, mas também existe a visão em grafo (graph view), que é geral: mostra todas as conexões entre as notas e demais itens do Cofre que estiver aberto.
  • É possível que as visões em grafo tragam informações demais, mas você pode usar os filtros e outras configurações do grafo para ajudar a extrair informações úteis sobre o relacionamento das informações da sua base de conhecimento.
  • Se preferir ter acesso a essas informações em um formato textual, você também pode ativar a barra lateral direita da janela de edição, que oferece visões alternativas dos links que a nota atual recebe, dos links que ela origina, das tags utilizadas e até mesmo um sumário dessas informações.

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Dando nomes aos trechos que você deseja linkar ou embutir no Obsidian

Ao praticar com links ou transclusões diretas para trechos internos (exceto subtítulos), você perceberá que o Obsidian cria e inclui um código que identifica esse trecho que você linkou.

Esse código criado automaticamente produz nomes nada memoráveis, como ^1098e7.

Se você quiser criar seus próprios nomes para os trechos, basta inseri-los ao final do próprio trecho, começando com ^ e só com letras, números e hífens.

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