Quando a Gradiente se uniu à Estrela e Nintendo para competir contra seu próprio clone

Na data de hoje, mas em 1993, a Estrela e a Gradiente se uniram para formar a Playtronic, com a missão de trazer ao Brasil versões oficiais dos videogames da Nintendo.

O primeiro produto da parceria foi o Super Nintendo (adaptado para nossas TVs em padrão PAL-M), e foi um sucesso, ainda que tardio (o original é de 1990). Em seguida tentaram repetir a fórmula lançando um ainda mais tardio NES, mas aí não foi possível superar os clones que já dominavam o mercado nacional – entre eles o Phantom System, da própria Gradiente.

A parceria durou até 1996, e ainda lançou por aqui o Game Boy, Virtual Boy e Nintendo 64. Depois disso, a Gradiente continuou sozinha, com o nome de Gradiente Entertainment Ltda, e lançou videogames até 2003, quando encerrou a parceria com a Nintendo.

Abaixo a monocultura da tecla Windows

Um acessório de R$ 20 permitiu livrar o meu teclado portátil das teclas Alt e Win que vieram com ele e me confundiam (eu estou acostumado a usar Option e ⌘Command): este conjunto de teclas de reposição tem Option, Command e mais, em tamanhos comuns e versão multicolorida, porque é difícil ter na cor das demais teclas originais.

E o teclado é um confortável Darkflash GD68, que tem o mérito de encaixar, num layout de apenas 68 teclas, uma tecla dedicada ao acento grave e ao til – sem exigir combos com a tecla Fn.

Parabéns: 30 anos do Linux 1.0

Há exatos 30 anos, na data de hoje mas em 1994, o Linux chegou à versão 1.0, deixando de ser beta e inaugurando uma nova era em seu desenvolvimento.

Era um momento em que o kernel open source criado originalmente em 1991 já era capaz de rodar ambientes gráficos, suportar um ambiente de desenvolvimento capaz de compilar a si próprio, e conectar à Internet via TCP/IP, e os desenvolvedores liderados por Linus Torvalds decidiram que a maturidade necessária estava alcançada.

“Na primavera de 1994, sentimos que o Linux estava pronto. Finalizado. Nada mais a acrescentar.” (Lars Wirzenius, desenvolvedor e colega de aula de Linus Torvalds)

Eles pensavam, na ocasião, que o Linux estava “pronto”. Assim, a opção por mudar o número da versão para 1.0, simbolizando o momento, veio acompanhada de um evento de lançamento, duas semanas depois, na universidade de Helsinki.

No evento, enquanto uma compilação cerimonial do código era realizada ao fundo, Linus Torvalds e outros participantes apresentavam à imprensa local o que era o Linux, e explicavam que o Unix comercial em PCs era tão caro que eles tinham preferido criar seu próprio sistema.

Eram tempos diferentes, em que Torvalds era estudante de graduação e o seu kernel open source cujo código era hospedado em repositórios acadêmicos finlandeses ainda rodava apenas em computadores Intel com um único processador. Nem mesmo o mascote Tux tinha surgido ainda, e só daria o ar da graça dois anos depois!

Esse marco veio após um período de alguns meses de desenvolvimento focado em chegar a lançar uma versão 1.0, ou seja, priorizando a remoção de bugs e de incompatibilidades, e adiando a inclusão de novos recursos que pudessem comprometer a estabilidade, de modo a ter uma versão que "finalmente saísse do estágio Beta e pudesse ser usada como base pelas distribuições".

Para evitar confusões a respeito, além dos agradecimentos de praxe a nota de lançamento enviada por Linus à Usenet fazia duas afirmações importantes, mas desnecessárias para quem acompanhava de perto o seu desenvolvimento: o kernel continuaria gratuito e sob a GPL, e o lançamento da versão 1.0 não significava o fim do desenvolvimento do Linux – que, como sabemos, continua de vento em popa até hoje.

Space Invaders para Atari, o cartucho de 100 milhões de dólares

Na data de hoje, mas em 1980, a Atari lançava sua adaptação do Space Invaders, o cartucho que revolucionaria a história da empresa, e daria o impulso para a febre dos videogames domésticos naquela década.

Primeiro caso de licenciamento oficial de um jogo de fliperama para um console doméstico, Space Invaders para Atari era pobre em gráficos e som, mas foi campeão de vendas e mudou o mercado de jogos eletrônicos.

Lançado originalmente para os fliperamas do Japão e dos EUA pela Taito em 1978, Space Invaders agradava aos jogadores que controlavam um canhão de laser que se movimentava horizontalmente na base da tela, podendo se esconder atrás de 4 barreiras fixas enquanto atirava nos invasores alienígenas, que também atiravam de volta – e quando não acertavam no canhão de laser do jogador, iam corroendo as defesas estacionárias.

O hardware das máquinas era interessante para a época, pois usava uma CPU Intel 80801 apoiada por um chip de som da Texas, que permitia a sua revolucionária música2, simplíssima para os padrões atuais, mas inovadora não apenas porque tocava durante todo o jogo, mas também porque interagia com a animação, acelerando conforme a ação ficava mais intensa.

Space Invaders foi o jogo recordista dos fliperamas em 1978, 1979, e 1980, e o sucesso era tanto que na virada de 1979 para 1980 a Taito já havia instalado mais de 750.000 máquinas de Space Invaders nos fliperamas, e não dava conta de produzir o suficiente para atender a demanda.

O cartucho Space Invaders para o Atari foi o primeiro caso de licenciamento oficial de um jogo de fliperama para um console de videogame doméstico.

Tamanho sucesso levou ao primeiro licenciamento oficial de um jogo de fliperama para os consoles domésticos, com a Atari adquirindo os direitos e produzindo uma versão própria, adequada aos recursos limitados do Atari 26003 e à tela horizontal das TVs domésticas.

Devido a essas limitações técnicas, na versão para o Atari o jogador enfrenta 36 invasores de cada vez – bem menos que os 55 do fliperama. Além disso, o número de defesas fixas na tela, que no fliperama são 4, foi reduzido para apenas 3.

Mesmo assim, o cartucho Space Invaders para o Atari foi um gigantesco sucesso, quebrando o recorde de vendas anuais4 da empresa e faturando 100 milhões de dólares para a Atari já no primeiro ano, quando vendeu um milhão de cópias – ao longo dos anos, esse cartucho acumulou mais de 6 milhões de cópias vendidas, e isso sem considerar as versões piratas, como as que abundavam no mercado brasileiro.

Foram mais de 6 milhões de cartuchos de Space Invaders vendidos pela Atari – e isso contando apenas os originais!

Mais do que isso, o sucesso desse jogo acabou puxando as vendas de consoles Atari, que em um ano foram multiplicadas por 4, pois muita gente que até então não havia comprado passou a comprar especificamente para ter esse jogo. E o sucesso da Atari inspirou outras concorrentes a entrarem em campo, ou ampliarem seus investimentos nesse mercado.

Outras consequências interessantes do sucesso desse cartucho: inspirada pelo sucesso inesperado em março, a Atari passou a ter um calendário de lançamento ao longo de todo o ano, e não mais concentrado no período de Natal; em complemento, passou a privilegiar a seleção de sucessos dos fliperamas para adaptação para os seus videogames.

Você pode jogar on-line o Space Invaders do Atari 2600 – e, se quiser ver uma versão sem a precariedade do hardware doméstico da época, confira também esta reimplementação do Space Invaders original.

 
  1.  Space Invaders foi um dos primeiros jogos a adotarem microprocessadores.

  2.  Esse som caprichado ficou ausente na versão para o Atari.

  3.  O Atari 2600 na época ainda se chamava Atari VCS.

  4.  Esse recorde só foi quebrado novamente uma vez, 2 anos depois, pela adaptação para Atari 2600 do jogo Pac-Man, também originário dos fliperamas.

A edição mais icônica de Superaventuras Marvel

Na data de hoje, mas em 1986, ia às bancas a edição mais memorável da revista Superaventuras Marvel, trazendo a aventura “Dias de um futuro esquecido”, dos X-Men.

A história, publicada originalmente em 1981, é conhecida pelas novas gerações por meio do filme de mesmo nome (e com história bastante modificada), lançado em 2014.

Na versão original em quadrinhos, a Kitty Pryde de um futuro distópico dominado pelos robôs Sentinelas transfere sua mente para si mesma em 19861, para ajudar os X-Men do passado (na época, o nosso presente) a evitar um mundo em que os mutantes estão quase extintos, e os sobreviventes vivem aprisionados.

Os X-Men fizeram antes: a ideia de enviar alguém ao passado para mudar um evento e evitar que as máquinas provoquem uma distopia foi popularizada na ficção poucos anos depois, no filme O Exterminador do Futuro.

A inovadora e bem contruída história de “Dias de um futuro esquecido” alterna entre cenas que se passavam no presente (1986) e o então futuro distópico que se passava em 2013, em que os mutantes da América do Norte foram caçados e colocados em campos de concentração, e os Sentinelas se preparam para expandir suas atividades para o restante do mundo.

A trama se desenrola a partir do momento em que os poucos X-Men sobreviventes – vários encarcerados, e alguns ainda na resistência – se reúnem para enviar a mente de Kate Pryde para o passado, para possuir a sua versão jovem e ajudar os X-Men a prevenir um momento-chave de 1986 que viria a causar toda essa distopia: o assassinato de um político, e também do Professor X, por um grupo terrorista mutante liderado pela Mística.

Um fúnebre quadrinho mostra o cemitério do campo de concentração criado pelos Sentinelas, com lápides de Charles Xavier, Ciclope, Noturno, Anjo e dos 4 integrantes originais do Quarteto Fantástico.

No início da história, vemos cenas do futuro, incluindo as sepulturas da maior parte dos X-Men. Versões maduras, em alguns casos grisalhas, dos poucos sobreviventes entram em cena, com Wolverine – livre e integrante da resistência mutante do Canadá – ajudando Kitty Pryde (casada com Colossus, que também aparece) a contrabandear para um campo de concentração um módulo necessário à transferência mental.

Também aparecem as versões idosas de Magneto e Tempestade, e dois jovens sobreviventes com participações essenciais na trama: Rachel Summers (foi a primeira aparição da filha de Ciclope e da Fênix) e Franklin Richards, filho de Reed Richards e Susan Storm, do Quarteto Fantástico.

A aventura é o marco que encerra o virtuoso ciclo dos X-Men em que Chris Claremont cuidava dos roteiros e John Byrne se encarregava da arte. A parceria deles durou só mais uma história, e a partir daí, Chris continuou escrevendo os X-Men, mas Byrne, descontente com os rumos dos X-Men, passou a desenhar o Quarteto Fantástico.

A história saiu na edição 45 da revista Superaventuras Marvel, e concluiu no mês seguinte. Desde então, foi relançada várias vezes pela Abril, Salvat, Panini e outras editoras, em vários formatos.

Na minha coleção, a versão brasileira da história consta em duas versões: a fininha "Especial X-Men" de julho de 1990, trazendo a história completa, e a adaptação de 2018 feita por Alex Irvine, lançada pela Novo Século em 2018, na forma de um livro (sem ilustrações) de 207 páginas.

Além do já mencionado filme homônimo de 2014, a icônica história apareceu, na forma de adaptações, menções e homenagens, em vários desenhos animados e séries de personagens da Marvel, em videogames, e até em séries externas à Marvel, como Heroes, de 2006.

 
  1.  Ou 1981, na versão original publicada no exterior.

46 anos: feliz aniversário, BSD!

Data importante para o mundo Unix: neste final de semana comemoramos 46 anos do BSD, pioneiro projeto cujos descendentes até hoje oferecem acesso livre a uma edição aprimorada do Unix para interessados do mundo todo.

O 1BSD foi lançado em 9 de março de 1978 pelo grande Bill Joy, na época um estudante de pós-graduação em Berkeley. Ele deu origem à Berkeley Software Distribution como uma coleção de complementos a serem instalados sobre o Unix Versão 6 da AT&T, que o próprio Ken Thompson (co-criador do Unix, que estava em um ano sabático como professor em Berkeley) tinha trazido à instituição e ajudado a instalar em um computador PDP-11.

O trabalho de Joy1 e de outros alunos – que aproveitaram a disponibilidade de código-fonte do Unix para aprimorar alguns componentes (como o compilador Pascal) e chegaram a criar alguns elementos novos (como o editor ex) – começou a atrair a atenção de outros interessados e o inspirou a criar uma coletânea para facilitar a distribuição desses softwares a outras universidades, integrantes de grupos de usuários de Unix, e outras instituições que entravam em contato.


Fita do 4.1BSD, de 1981

A primeira versão dessa coletânea – o 1BSD – teve cerca de 30 cópias, distribuídas por meio do envio de fitas. A segunda versão (2BSD) saiu um ano depois e já incluía vários softwares clássicos, criados em Berkeley, e que logo acabaram sendo incorporados também ao Unix original da AT&T, a exemplo do editor de textos vi e da shell csh.

Temos BSDs ativos e florescendo até hoje, mas o desenvolvimento do BSD ~oficial em Berkeley aconteceu só entre 1978 e 1995.

O desenvolvimento do BSD em Berkeley trouxe muitos avanços para o Unix em geral, e durou até 1995, quando foi lançado o 4.4BSD-Lite Release 2. Vale observar que a partir de 1983 (com o 2.9BSD) o BSD deixou de ser apenas uma coleção de complementos ao Unix da AT&T, e passou a poder ser instalado como um sistema operacional completo (ainda que repleto de código do Unix versão 7, na ocasião)

Os BSDs que conhecemos hoje, como o FreeBSD e o OpenBSD, descendem direta ou indiretamente dessas versões pioneiras originárias da universidade, em especial a partir do 4.4BSD-Lite, de 1994, que já não continha código herdado do Unix proprietário.

Uma curiosidade: algumas das versões clássicas continuam a ser atualizadas até hoje: o 2BSD foi originalmente lançado em 1979, atualizado com novas versões até 1991 (com o 2.11BSD), e tem vários patches produzidos na década atual.

 
  1.  Bill Joy não é “só” o criador do BSD: ele também criou o editor vi, e sua influência sobre a computação se estende por décadas, com influência sobre a criação do NFS, dos processadores SPARC, e até da linguagem Java.

Hoje: 41 anos do IBM PC/XT

Na data de hoje, mas em 1983, era lançado o IBM 5160, comercializado como IBM Personal Computer XT. O PC/XT foi a primeira atualização do IBM PC original, aumentando a memória e o número de slots, e passando a vir com HD (de 10MB) como padrão. Também descontinuou a porta de fita K7 do modelo anterior.

IBM PC XT exibindo a palavra IBM em letras grandes na tela monocromática de fósforo verde, e com o HD de 10MB original, que ocupava duas baias verticais de 5¼.

Meu primeiro PC foi um clone nacional do XT, modificado pra ter assombroso clock de 10MHz. Na época era impensável pra mim um dia chegar a encher o HD de 10MB.

Feliz aniversário The Division, o game que mais joguei na vida

Na data de hoje, mas em 2016 - portanto bem antes da Covid-19 -, foi lançado The Division, o jogo que se passa em uma Nova York pós-pandêmica, e que foi objeto do meu hiperfoco ao longo de anos, principalmente no desesperador modo Survival.

Imagem promocional mostra 3 agentes entrando em uma das áreas de quarentena da cidade devastada

Com combate, investigação e elementos de RPG, é ambientado em bairros reais da cidade de Nova York, após uma devastadora pandemia viral; o jogador, um agente especial de uma organização secreta do governo, tem a tarefa de ajudar a reconstruir Manhattan, investigar a natureza do surto e combater atividades criminosas em seu rastro.

Lembrar dele me deu vontade de voltar a jogar. Só 5 minutinhos!

Casuísmo: saiba identificar e não se deixe influenciar

desenho de uma pessoa apontando para uma direção e olhando para outra

Dizem que a gente julga a nós mesmos pelas intenções e aos outros pelas ações.

É um bom resumo, mas eu iria mais longe: dependendo do caso, o julgador também se fixa no resultado alcançado, ou no resultado pretendido.

E quando fica muito difícil passar pano, às vezes as pessoas ignoram ações e resultados, e querem que o julgamento se prenda ao histórico, ou ao alinhamento de alguém a favor (ou contra) certos princípios amplos e vagos. Fuja.

Linux 1.2.0 - o “Linux 95”

Na data de hoje, mas em 1995, foi lançado o kernel Linux 1.2.0, apelidado por Linus Torvalds de “Linux 95” em alusão ao sistema operacional da Microsoft daquele mesmo ano.

Foi a primeira versão que eu usei, e abriu caminho para bem mais gente, porque ampliou bastante o suporte a HDs, placas de rede e, especialmente, CD-ROMs, que facilitavam muito a instalação.

arte no estilo da identidade visual do Windows 95, anunciando o Linux 95

Nessa época, o kernel ainda residia no ftp.funet.fi – e as novidades da versão também incluíam suporte nativo ao áudio para o jogo Doom.