Cuidado com o imobilismo bem intencionado

Não pergunte se você é uma boa pessoa, e sim se você está fazendo coisas boas.

Quantas iniciativas coletivas eu já vi naufragarem porque, ao invés de prevalecer o impulso de quem queria produzir avanços com atos concretos, prevalecia a atitude paralisante de quem defende evitar a qualquer custo fazer qualquer coisa imperfeita.

Isso é um mal frequente em organizações voluntárias, e em grupos motivados por um ideal de evolução – mas pode se manifestar até na vida individual, quando a pessoa se pergunta muito mais “será que eu sou uma boa pessoa?” do que “será que o que estou fazendo é bom?”

E há uma pergunta ainda melhor pra impulsionar a mudar o mundo (e a própria realidade individual) para melhor: “Qual coisa boa eu posso fazer, aqui e agora?”


Foto de um ponbo que comeu o miolo de uma fatia de pão e acabou ficando com a casca dela pendurada em seu pescoço, como um colar.

Tentar ser uma boa pessoa, embora seja uma atitude virtuosa, pode ser sufocante e paralisante. É mais frutífero o caminho de quem procura, ao invés disso, fazer coisas boas (ou “fazer o bem”, dependendo do contexto).

Não se trata de defender ações perversas, desonestas ou irresponsáveis: elas são incompatíveis com o conceito de fazer coisas boas.

O critério da ação voluntária e orientada a ideais não pode ser aquele modelo inodoro e insípido do "zero defeito" ou da busca por zerar riscos - os processos precisam ser orientados a produzir o resultado, por meios bons.