Crônica de um sábado cultural

Num sábado de 2015 eu acordei cedo pra ir num sebo1 procurar revistas de época mostrando como era a vida nos anos 80 e 90, pra um projeto novo e, entre um exemplar de Pais & Filhos, uma Playboy e uma Revista Geográfica Universal amarelada, ouço um tiozão conversando com o dono do estabelecimento sobre uma biografia do Duarte Schutel, que ele não encontrava em lugar nenhum.

O dono ajuda o cara a procurar na web, encontram, vão encomendar. Nesse meio tempo, eu (que também curto biografias) lembrei de já ter visto esse mesmo livro em outra visita ao mesmo sebo, na semana anterior, pro mesmo projeto.

Procuro o livro, que estava na prateleira da literatura local, e não na das biografias, encontro, e entrego ao senhor, que ficou embascado. E o dono do sebo, que tem estoque informatizado (mas furadaço, logo se vê), ficou mais impressionado ainda.

O tio aperta minha mão (revelando ser maçom, inclusive), paga ao caixa a fortuna de R$ 5,00, abre o livro e descobre que o exemplar era autografado pela autora.

Saio de cena comentando: e quando o senhor escrever a sua autobiografia, não esqueça da manhã de sábado em que um estranho encontrou para o senhor esse livro raro autografado sobre a vida de um de seus irmãos e foi embora sem nem lhe dizer seu nome!

A referência aos irmãos2 foi demais pra ele, que saiu correndo pra tentar corrigir o faux pas, se apresentar e saber mais, mas eu já tinha entrado no carro e fiz que nem vi, pra não estragar o efeito.

 
  1.  Aceito indicações de sebos bem supridos de revistas e livros aqui na capital catarinense!

  2.  Por mero acaso eu, que já havia morado perto da rua Duarte Schutel, sabia que o Duarte Schutel foi maçom, assim como esse tiozão.