Diáspora nas redes: hora de combinar o reencontro

Já passei por muitos fins de redes; hoje estou no Mastodon, como @augustocc@mastodon.nl – e também estou aqui neste blog, e no Instagram – onde sou @augustocampostudojunto –, e por enquanto permaneço também no Twitter, como @augustocc.

Redes sociais mudarem de dono e de direção são fatos da vida. Assim como as casas noturnas da minha cidade, elas tendem a ser vítimas do próprio sucesso e do desejo de inventar um novo caminho para multiplicar o resultado alcançado, às vezes até inesperadamente.

Nem sempre dá certo, como nos ensina a fábula da galinha dos ovos de ouro, e às vezes o fim chega repentinamente (o que pode ser melhor do que uma longa decadência...).

O Twitter, sob nova direção, começou a banir jornalistas que noticiam as mercuriais decisões da plataforma

Ontem à noite, o Twitter – sob nova direção – baniu a conta do Mastodon e uma série de contas de jornalistas de grandes veículos, todos por terem postado sobre a história do dia: a mudança de regras do próprio Twitter, feita para acomodar o desejo do novo proprietário – que se diz defensor da liberdade de expressão restrita apenas pela lei! – que pretendia impedir a publicação, em sua plataforma, de dados públicos sobre a movimentação da sua aeronave particular.

Logo depois do AI-5 implantar a censura jornalística prévia no Brasil, na década de 1960, um dos grandes jornais brasileiros – que também não podia noticiar a censura que sofria – passou a publicar trechos dos Lusíadas no lugar das reportagens cortadas pela caneta do censor.

No Twitter, começo a ver a tendência de pessoas encontrando subterfúgios, códigos e maneiras indiretas de escrever aquilo que querem comunicar. É outro tempo, outra circunstância (restrita a uma rede, e não a um país), outro formato, mas são as mesmas forças: a arbitrariedade de quem tem meios para buscar delimitar discursos, e a criatividade de quem quer se expressar.

Nessas horas, me sinto entre duas tendências: sair da rede onde estão tantas pessoas que gosto de seguir (sabendo que provavelmente esse êxodo de quem pensa diferente faz parte dos planos do novo proprietário), ou continuar nela e ser uma voz que não prega o mesmo discurso, esperando pra ver se chega logo o momento em que o novo proprietário cansa do brinquedo novo e deixa outra pessoa gerenciar o espólio, acompanhando in loco os solavancos, lamentando as arbitrariedades.

Às vezes uma rede acaba – ou você é retirado dela sem direito a recurso – subitamente.

Nesse meio tempo: anotar os contatos de quem você segue, para procurá-los depois, e comunicar a todos os seus contatos atualizados, é uma lição que aprendi tendo passado por isso tantas vezes - em várias redes de IRC, no ICQ, MSN, no ocaso do Orkut, na grande migração brasileira do Twitter para o Facebook, depois do Facebook para o Instagram, e assim por diante.

Fica, portanto, a dica: enquanto perdurar a incerteza sobre quais serão os novos caminhos, siga em várias redes as pessoas e veículos que você deseja continuar acompanhando.

E renovo o convite: sigam-me em @augustocc@mastodon.nl.