Precisamos aprender com as pedras demarcadoras dos tsunamis japoneses

Agora que ultrapassamos oficialmente a calamitosa marca de 1,5ºC de aquecimento global, é hora de repensar onde reconstruíremos depois de enchentes cataclísmicas, incêndios florestais em pleno cenário urbano, e outras calamidades que se repetem em ciclos cada vez mais curtos.

Depois dos grandes desastres, a frase que atrai votos e apoio é: “vamos reconstruir tudo”. É uma boa frase, e uma boa ideia, mas quando são desastres de grandes proporções, sujeitos a se repetirem sem prévio aviso, seria ideal reconstruir, sim – mas em um local menos exposto.

NÃO reconstruir no mesmo lugar a cidade devastada pela natureza é uma lição que os japoneses aprenderam há séculos – eles sabem que tsunamis se repetem, e que a tendência é as gerações seguintes reconstruírem na área exposta, e por isso passaram a deixar marcos que resistem ao tempo.


Print do site Atlas Obscura mostrando uma das pedras de tsunami japonesas, em Aneyoshi, indicando o ponto mais alto em que um tsunami do passado alcançou, e advertindo para não voltar a construir abaixo dali.

Essas pedras demarcadoras registram o ponto que os tsunamis do passado alcançaram, com a advertência: lembre da calamidade, não construa abaixo deste ponto.

Precisamos imitá-los, e não temos mais o luxo de intervalos multigeracionais - nossos desastres já aceleraram, e vão acelerar mais ainda.